terça-feira, 26 de junho de 2012

FOTOS DE GRANDES MESTRES



Nome: José Carlos Alves Pereira.


Data de nascimento: 19/ 03/1959. 



História Mestre Kall:


Iniciou a capoeira nas ruas de Brasília.


Vários Mestres que contribuíram na sua formação, como: Mestre Zeus, Mestre Berimbau, 


Mestre Toião, Mestre Paulão, dentre outros grandes Mestres. 


Aos 23 anos de idade conheceu o Mestre Bartô, onde  treinou e pela suas mãos foi graduado 


Mestre no ano de 1983.


Atualmente é Presidente Geral da Associação de Capoeira Ave Branca.



Vicente Ferreira-Mestre Pastinha-Guardião da Capoeira Angola

Vicente Joaquim Ferreira Pastinha (Salvador5 de abril de 1889 — Salvador, 13 de novembro1981), foi um dos principais mestres de Capoeira da história. de
Mais conhecido por Mestre Pastinha, nascido em 1889 dizia não ter aprendido a Capoeira em escola, mas "com a sorte". Afinal, foi o destino o responsável pela iniciação do pequeno Pastinha no jogo, ainda garoto. Em depoimento prestado no ano de 1967, no 'Museu da Imagem e do Som', Mestre Pastinha relatou a história da sua vida: "Quando eu tinha uns dez anos - eu era franzininho - um outro menino mais taludo do que eu tornou-se meu rival. Era só eu sair para a rua - ir na venda fazer compra, por exemplo - e a gente se pegava em briga. Só sei que acabava apanhando dele, sempre. Então eu ia chorar escondido de vergonha e de tristeza." A vida iria dar ao moleque Pastinha a oportunidade de um aprendizado que marcaria todos os anos da sua longa existência.
"Um dia, da janela de sua casa, um velho africano assistiu a uma briga da gente. Vem cá, meu filho,Você não pode com ele, sabe, porque ele é maior e tem mais idade. O tempo que você perde empinando raia vem aqui no meu cazuá que vou lhe ensinar coisa de muita valia. Foi isso que o velho me disse e eu fui". Começou então a formação do mestre que dedicaria sua vida à transferência do legado da Cultura Africana a muitas gerações. Segundo ele, a partir deste momento, o aprendizado se dava a cada dia, até que aprendeu tudo. Além das técnicas, muito mais lhe foi ensinado por Benedito, o africano seu professor. "Ele costumava dizer: não provoque, menino, vai botando devagarinho ele sabedor do que você sabe (…). Na última vez que o menino me atacou fiz ele sabedor com um só golpe do que eu era capaz. E acabou-se meu rival, o menino ficou até meu amigo de admiração e respeito." ele me disse, vendo que eu chorava de raiva depois de apanhar. 
Foi na atividade do ensino da Capoeira que Pastinha se distinguiu. Ao longo dos anos, a competência maior foi demonstrada no seu talento como pensador sobre o jogo da Capoeira e na capacidade de comunicar-se. Os conceitos do mestre Pastinha formaram seguidores em todo Brasil. A originalidade do método de ensino, a prática do jogo enquanto expressão artística formaram uma escola que privilegia o trabalho físico e mental para que o talento se expanda em criatividade. Foi o maior propagador da Capoeira Angola, modalidade "tradicional" do esporte no Brasil.
Em 1941, fundou a primeira escola de capoeira legalizada pelo governo baiano, o Centro Esportivo de Capoeira Angola (CECA), no Largo do Pelourinho, naBahia. Hoje, o local que era a sede de sua academia é um restaurante do Senai.
Em 1966, integrou a comitiva brasileira ao primeiro Festival Mundial de Arte Negra no Senegal, e foi um dos destaques do evento. Contra a violência, o Mestre Pastinha transformou a capoeira em arte. Em 1965, publicou o livro Capoeira Angola, em que defendia a natureza desportista e não-violenta do jogo.
Entre seus alunos estão Mestres como João Grande, João Pequeno, Curió, Bola Sete (Presidente da Associação Brasileira de Capoeira Angola), entre muitos outros que ainda estão em plena atividade. Sua escola ganhou notoriedade com o tempo, frequentada por personalidades como Jorge AmadoMário Cravo eCarybé, cantada por Caetano Veloso no disco Transa (1972). Apesar da fama, o "velho Mestre" terminou seus dias esquecido. Expulso do Pelourinho em 1973 pela prefeitura, sofreu dois derrames seguidos, que o deixaram cego e indefeso. Morreu aos 93 anos.
Vicente Ferreira Pastinha morreu no ano de 1981. Durante décadas dedicou-se ao ensino da Capoeira. Mesmo completamente cego, não deixava seus discípulos. E continua vivo nos capoeiras, nas rodas, nas cantigas, no jogo. "Tudo o que eu penso da Capoeira, um dia escrevi naquele quadro que está na porta da Academia. Em cima, só estas três palavras: Angola, capoeira, mãe. E embaixo, o pensamento:
(fonte;Wikípedia) 

"Mandinga de escravo em ânsia de liberdade, seu princípio não tem método e seu fim é inconcebível ao mais sábio capoeirista."

Manoel dos Reis Machado-Mestre Bimba-Criador da Capoeira Regional
]

Manoel dos Reis Machado, também conhecido como Mestre Bimba 


(Salvador, 23 de Novembro de 1900 - Goiânia, 05 de Fevereiro de 1974), foi 


criador da Luta Regional Baiana, mais tarde chamada de capoeira regional.


Ao perceber que a capoeira estava perdendo seu valor cultural e 


enfraquecendo enquanto luta, Mestre Bimba misturou elementos da 


Capoeira Tradicional com o batuque[1] (luta do Nordeste Brasileiro extinta 


com o passar do tempo) criando assim um novo estilo de luta com 


praticidade na vida, com movimentos mais rápidos e acompanhada de 


música[1]. Assim conquistou todas as classes da sociedade. Foi um eximio 


lutador e acima de tudo um grande educador, foi o responsavel por tirar a 


capoeira da marginalidade. Praticantes dessa arte se denominam 


"capoeira", pois, para eles, a capoeira é um estilo de vida - ser, pensar, agir 


como um capoeira.


Bimba empunhava regras para os praticantes da capoeira regional, sendo 


elas:


- Não beber, e não fumar. Pois os mesmos alteravam o desempenho e a 


consciência da capoeira.


- Evitar demonstrações de todas as técnicas, pois a surpresa é a principal 


arma dessa arte.


- Praticar os fundamentos todos os dias.


- Não dispersar durante as aulas.


- Manter o corpo relaxado e o mais próximo do seu adversário possível, 


pois dessa forma o capoeira desenvolveria mais.


- Sempre ter boas notas na escola.


No vídeo Relíquias da Capoeira - Depoimento do Mestre Bimba, um 


documento audiovisual em VHS produzido por Bruno Farias, o próprio 


Manoel comenta sobre os motivos que o fizeram se mudar para Goiânia, 


onde ele conseguiu mais apoio financeiro[1]. Posteriormente, em uma 


reunião de especialistas em capoeira no Rio de Janeiro, explica-se mais 


sobre o nome do esporte, sobre a criação da capoeira regional e sobre 


esse lendário personagem chamado Mestre Bimba.


A versão original do vídeo, veiculada em 2006 pela extinta PAM TV 


Florianópolis (Antigo canal 17 da TVA), acabou se extraviando. Porém, 


recentemente, o jornalista Bruno Farias encontrou no antigo acervo da 


emissora uma amostra de 2 minutos do Relíquias da Capoeira: Depoimento 


do Mestre Bimba e escreveu uma matéria sobre o assunto, publicada no 


site da Revista de História da Biblioteca Nacional, junto à referida amostra.[2]
(fonte;Wikípedia)

Antônio Carlos Moraes - Mestre Caiçara. Uma das lendas da Capoeira; sua história mais parece tirada de livros de ficção. Numa época em que o Pelourinho não tinha o glamour de hoje, Mestre Caiçara ditava as regras num território de prostitutas e cafetões; de traficantes e malandros. Todos tinham que pedir a sua benção.
Gravou um dos principais discos da Capoeira Angola onde exemplifica os diversos toques de berimbau, além de cantar ladainhas e sambas de roda. Faleceu em 26 de agosto de 1997.





João Oliveira dos Santos - Mestre João Grande, Phd Honóris Causa da Universidade de UPSALA. Um dos principais díscipulos do mestre Pastinha sendo seu Contra-Mestre. Por mais de 40 anos o Mestre João Grande tem praticado e ensinado Capoeira Angola. Ele viajou para África, Europa e América do Norte, onde ensina atualmente, em sua academia na cidade de New York. De lá ele continua mantendo o intercâmbio com a Bahia e acompanhando a movimentação da Associação Brasileira de Capoeira Angola.
The Capoeira Angola Center of Mestre João Grande.
69 West 14th St. 2nd flr. NEW YORK, NY 10011
- Near 6th Ave.
Tel: (212) 989 6975




João Pereira dos Santos - Mestre João Pequeno. Aluno do Mestre Pastinha e 


um dos mais antigos e importantes mestres da Capoeira Angola em atividade. 


Pela academia do Mestre João Pequeno, no Centro Histórico de Salvador, 


passaram alguns dos principais angoleiros da nova geração. É possível vê-lo 


quase todas as noites jogando e ensinando a tradicional arte da Capoeira.




Academia de Capoeira Angola de Mestre João Pequeno 
Centro de Cultura Popular
Forte de Santo Antônio - Santo Antônio além do Carmo
Salvador - Bahia





Mestre Waldemar, Waldemar Rodrigues da Paixão, mestre de capoeira baiano (Ilha de Maré, Bahia 1916 - Salvador, Bahia 1990) também conhecido como Waldemar da Liberdade ou Waldemar do Pero Vaz, dos nomes do bairro e da rua onde implantou sua capoeira.

A fama de Waldemar como capoeirista e mestre de capoeira aparece nos anos 1940. Ele implanta um barracão na invasão do Corta-Braço, futuro bairro da Liberdade, onde joga-se capoeira todos os domingos, também ensinando na Rampa do Mercado na Cidade Baixa. Fica conhecida a diversidade dos jogos que ele pratica, dos mais lentos aos mais combativos, com afirmada preferência para os primeiros.

Durante os anos 50, a capoeira dele na Liberdade atrai acadêmicos, artistas e jornalistas. Os etnólogos Anthony Leeds em 1950 e Simone Dreyfus em 1955 gravam o som dos berimbaus. O escultor Mário Cravo e o pintor Carybé, também capoeiristas, freqüentam o barracão. Mais tarde, a maior parte dos capoeiristas de nome afirmam ter ido na capoeira de Waldemar, na de Mestre Cobrinha Verde no bairro de Nordeste de Amaralina até na de Mestre Bimba.

De acordo com Albano Marinho de Oliveira (1956), o grupo da Liberdade começou a cantar demorados solos antes do jogo (hoje chamados ladainhas). O próprio Waldemar reivindicou, em depoimento a Kay Shaffer, ter inventado de pintar o berimbau. A fabricação e venda para os turistas de berimbau foi uma fonte de renda para mestre Waldemar.

Waldemar, como bom capoeirista, andou na sombra. Ficou discreto sobre suas atividades e breve em sua fala. Mal existem fotos dele antes de velho. Não procurou a fama e, apesar de seu notado talento de cantor e de tocador de berimbau, não integrou muito o mercado de espetáculo turístico. Também, a música que se escuta nas gravações de 1950 e 1955 é coletiva, sempre tendo, ao menos, um dialogo de dois berimbaus.

Velho e impossibilitado de jogar capoeira e de tocar berimbau pela doença de Parkinson, Waldemar ainda aproveitou um pouco do movimento de resgate das tradições dos anos 1980, cantando em diversas ocasiões e gravando CD com Mestre Canjiquinha. 







Manoel Henrique Pereira (1895-1924), Besouro Mangangá ou Besouro Cordão de Ouro foi um lendário capoeirista da região de Santo Amaro, Bahia. Muitos e grandiosos feitos lhe são atribuídos. Diziam que não gostava da polícia (que diversas vezes frustou-se ao tentar prendê-lo), que tinha o "corpo fechado" e que balas e punhais não podiam feri-lo. Certa feita quando Besouro trabAalhou numa usina, por não receber o ordenado, segurou o patrão pelo cavanhaque o obrigando a pagar o que lhe devia.As circunstâncias da sua morte são contraditórias. Há versões de que foi num confronto com a polícia, outras de que foi na "trairagem", num ataque de faca pelas costas. Esta última é muito cantada e transmitida oralmente na capoeira. Um fazendeiro conhecido por Dr. Zeca, após seu filho Memeu apanhar de Besouro, armou uma cilada mandando-o entregar um bilhete a um amigo que administrava a fazendo Maracangalha. Tal bilhete pedia para que seu portador fosse morto. Besouro, analfabeto, não pôde ler que aquele bilhete era endereçado ao seu assassino e esclarecia que o portador era a vítima, assim no dia seguinte ao voltar para saber a resposta 40 soldados estavam esperando Besouro. Um homem conhecido por Eusébio de Quibaca acertou-lhe uma faca de tucum (ou ticum) - um tipo de madeira. Besouro teria sido, então, esfaqueado com a tal faca de tucum pelas costas.









Ângelo Augusto Decânio Filho, Mestre Decânio, o mais idoso dos 


discípulos de Mestre Bimba ainda vivos, a maior autoridade no 


mundo sobre a Capoeira Regional deMestre Bimba. Médico de 


profissão, esteve ao lado do Mestre desde 1938, dispensando-lhe 


atenção filial, cuidados médicos, assessoramento em assuntos 


relacionados com a administração da Academia, estudo de novos 


golpes e contragolpes, e o estabelecimento de normas e regras 


destinadas ao aperfeiçoamento do ensino da luta. Em decorrência 


deste relacionamento, tinha o privilégio de ser o único detentor dos 


segredos e das manhas do Mestre. Escreveu vários livros sobre 


Capoeira, agrupados na Coleção São Salomão, editada por ele 


próprio. Sua obra é citada (por Mestre Damião) como “a verdadeira 


Bíblia da Capoeira”. Privar de sua companhia é sempre um grande 


prazer. Mantém uma página na Internet que é sem dúvida um dos 


melhores sites para quem quiser saber tudo sobre Capoeira:







Mestre Traira - José Ramos Do Nascimento

Capoeira de fama na Bahia, marcou época e ganhou notabilidade ímpar na arte 


das Rasteiras e Cabeçadas. No disco fonográfico, produzido pela Editora Xauã, 


intitulado "Capoeira" - hoje uma das raridades mais preciosas para os estudiosos 


e adeptos desta Arte - tem presença marcante envolvendo a todos os ouvites. 


Sobre a beleza e periculosidade do seu jogo, assim se referiu Jorge Amado: 


"Traíra, um cabloco seco e de pouco falar, feito de músculos, grande mestre de 


capoeira. 



Vê-lo brincar é um verdadeiro prazer estético. Parece bailarino e só mesmo 


Pastinha pode competir com ele na beleza dos movimentos, na agilidade, na 


rigidez dos golpes. Quando Traíra não se encontrana Escola de Waldemar, está 


ali por perto, na Escola de Sete Molas, também na Liberdade". Mestre Traíra 


também teve importante participação no filme "Vadiação", de Alexandre Robatto 


Filho, produzido em 1954, junto aos outros grandes capoeiristas baianos como 


Curió, Nagé, Bimba, Waldemar, Caiçara, Crispim e outros."








Mestre  Canjiquinha – Washington Bruno da Silva
Nasceu em 25 / 11 / 1925 e viveu até 08 / 11 / 1994, filho de José Bruno da Silva um grande alfaiate e de Amália Maria da Conceição uma lavadeira. Seu primeiro contato com a capoeira foi num local conhecido como banheiro de seu Otaviano na frente de uma quitanda no Matatu Pequeno, Brotas na Baixa do Tubo. Num dia de domingo em 1935 um cidadão chamado Antonio Raimundo (Mestre Aberre) convidou Canjiquinha a participar da brincadeira que ali rolava, e a partir da agilidade demonstrada por Canjiquinha mestre Aberre decidiu treiná-lo. Passou 8 anos aprendendo, quando seu mestre disse: - Meu filho você corre este lugar aí, o que você ver de bom você pega e de ruim você deixa pra lá.

Na opinião de Mestre Canjiquinha a capoeira não existe divisão entre angola e regional, ele dizia que ele era capoeira e obedecia ao toque, se tocar maneiro jogo amarrado, se tocar apressado você apressa.
 Mestre Canjiquinha dono de um repertório inesgotável de músicas e improvisos, tendo uma grande facilidade de comunicação com o publico, acho que devido a essas foi convidado a participar de alguns filmes como: O Pagador de Promessas, Operação Tumulto, Capitães de Areia entre outros, alem de algumas fotonovelas com Silvio César e Leni Lyra. Teve como alunos alguns até renomados a mestre: Antonio Diabo, Burro Inchado, Madame Geni, Victor Careca, Robertão, Manoel Pé de Bode, Paulo dos Anjos, Brasília, Lua Rasta, Cristo Seco entre outros mais.

Samuel Querido de Deus
Um dos capoeiristas mais falados pelos antigos. Era considerado imbatível nas rodas, temido por todos os capoeiristas. Seu nome não chegou tão famoso aos dias de hoje quanto os de Pastinha ou Bimba, já que esses tinham academias no centro, inovaram a capoeira e fizeram discípulos que divulgaram seus ensinamentos. Mas Querido de Deus também entrou para a história, impressionando o povo da capoeira e intelectuais e estudiosos da nossa arte daquela época (estamos falando das décadas de 30 e 40). Edison Carneiro considerava-o "o melhor capoeirista que já se viu". Antonio Lberac Pires nos mostra um artigo do Jornal "O Estado da Bahia" de 13 fevereiro de 1937, no qual está escrito que no Segundo Congresso Afro-Brasileiro, realizado em Salvador, quem comandou a apresentação de capoeira foi Querido-de-Deus, "considerado pelos outros capoeiristas como o melhor entre eles". E também, é claro, ele é citado no essencial livro "Capoeira Angola", de Waldeloir Rêgo.



Mestre Leopoldina - Demerval Lopes de Lacerda
Demerval Lopes de Lacerda, conhecido como Mestre Leopoldina, nasceu em 12 


de fevereiro de 1933. Começou a aprender capoeira aos 18 anos, com o 


Quinzinho, um jovem malandro carioca, valente, temido e respeitado na região da 


Central do Brasil (RJ). Um ano depois, Quinzinho foi preso e assassinado na 


prisão. Leopoldina sumiu por uns tempos, e treinava sozinho, até que soube que 


Valdemar Santana, lutador bastante conhecido na época, trouxera da Bahia um 


capoeirista de nome Artur Emídio. Leopoldina foi apresentado a Artur, que o 


convidou para jogar. "Fui lá, meio envergonhado, e fiz aquilo que o finado 


Quinzinho tinha me ensinado.


No começo a coisa correu bem, mas aos poucos Artur começou a crescer, e era 


pernada por tudo que era lado, e percebi que ele era mais fera ainda que o 


Quinzinho". Foi assim que Leopoldina, aprendiz da capoeira carioca, foi 


apresentado à capoeira baiana. Leopoldina continuou aprendendo com Mestre 


Artur Emídio, e hoje é Mestre consagrado, muito respeitado, tanto por seu jogo 


quanto pela habilidade com o berimbau, e por suas composições, admiradas e 




cantadas em todo o Brasil. É uma das maiores expressões da capoeira antiga, 


cheia de malandragem e mandinga. É dono de uma simpatia e um carisma 


enormes, e já cunhou frases pitorescas do repertório da capoeira, como esta, que 


nos foi revelada uma vez em Guaratinguetá: "a capoeira é a maçonaria da 


malandragem!".


Em 2007 foi lançado o documentário “Mestre Leopoldina: A Fina Flor da 


Malandragem”, com depoimentos do próprio Mestre.




Faleceu em 17 de outubro de 2007 em São José dos Campos/SP, deixando 


muita tristeza e saudade nos corações de todos os capoeiristas. 









Quando o assunto é Capoeira, ele irradia entusiasmo, energia, compreensão, força de vontade, determinação e muito mais. Estamos falando de Mestre Camisa, Presidente Fundador da ABADÁ Capoeira.

RC: Fale-nos um pouco sobre o ambiente em que nasceu, Mestre.
Mestre Camisa: "O dia-a-dia na fazenda "Estiva" era típico: acompanhava os vaqueiros em suas atividades diárias e lá vivi até os 12 anos, quando minha família se mudou para Jacobina, a 40 minutos da fazenda. Depois nos mudamos para Salvador. Eu gostava de montar a cavalo, caçar, tomar banho de rio, criar animais, uma vida comum de um garoto de fazenda. Naquela época não conhecia televisão, telefone - só conheci quando fui para Salvador."

RC: Como foi o seu primeiro contato com a capoeira?
"Foi ainda garoto, ouvindo as histórias que os mais velhos contavam sobre os capoeiristas do Sertão que tinham o corpo fechado, que se movimentavam no chão, davam rasteira, derrubando várias pessoas ao mesmo tempo e ninguém conseguia segurá-los. Eu sequer conhecia o berimbau. Camisa Roxa foi estudar em Salvador e lá conheceu alguns capoeiristas e foi treinar na academia de Mestre Bimba. Nas férias, quando voltava para a fazenda, passava o que aprendia para mim, meus outros irmãos e meus primos. Certa vez ele me levou a Salvador e tive o prazer de conhecer Mestre Bimba, que só conhecia de nome. Senti toda a sua força. Vendo todos treinarem, fiquei fascinado. Ao voltar para a roça fiquei mais motivado e passei a treinar no curral, dando pulos sobre o esterco do gado. Dava saltos mortais na beira do rio, todos da família estavam aprendendo. Depois que meu pai faleceu, a família se mudou para Salvador e minha mãe continuou cuidando da fazenda. Fui morar na Liberdade, o maior bairro negro, um dos maiores redutos de capoeira de todos os tempos de Salvador, onde se realizavam as tradicionais rodas de capoeira de Mestre Valdemar e Mestre Traíra."

RC: Quem treinava com você na Academia de Mestre Bimba, na sua época?
"Treinavam comigo Onça Negra, Macarrão, Torpedo, Pimentão, Nenel, Formiga e Demerval. Na época já eram formados e treinavam lá: Canhão, Alegria, Luís, Quebra Ferro, Malvadeza, Valdemar, Sarigue e muitos outros."

RC: Como surgiu o apelido Camisa?
"No início o pessoal me chamava de Camisinha, tanto por ser o mais novo quanto por ter um irmão - no caso o Camisa Roxa -, formado pelo Mestre Bimba. Eu fui o quarto da família a me formar. Com o tempo meu irmão mais novo passou a ser chamado de Camiseta e passaram a me chamar de Camisa."

RC: Seja na Bahia ou no Rio, qual foi o momento que mais te marcou, como capoeirista?
"Quando conheci o Mestre Bimba."

RC: No Rio, o que te levou a montar a Abadá-Capoeira?
"Em Salvador fiz parte do grupo folclórico chamado Viva Bahia e do Grupo Ogundelê, fazendo apresentações e shows. Depois do grupo Olodumaré, do qual o Camisa Roxa fazia parte. Viajamos por todo o Brasil, até que cheguei ao Rio. Nesta época já havia comentários de que Mestre Bimba ia embora para Goiás. Camisa Roxa resolveu ir para a Europa. Foi quando minha mãe faleceu e eu fiquei desorientado. Meu irmão chegou a comprar uma passagem para que eu voltasse para Salvador e retomasse meus estudos. Rasguei a passagem e resolvi ficar no Rio. Me aventurei a dormir na rodoviária e dentro dos ônibus. Joguei capoeira em todos os lugares da cidade até que fui morar e dar aula na Academia Nissei. Como comecei a ensinar muito cedo, meu sonho era ter meus alunos e meu grupo. Foi lá que formei minha primeira turma no Rio. Meu primeiro aluno foi um gaúcho que me conheceu na tourneé no Rio Grande do Sul com o grupo Olodumaré.

Aqui no Rio encontrei o Preguiça e o Anzol que também foram alunos de Mestre Bimba e alguns integrantes do grupo Senzala, como o Rafael (um dos fundadores), o Cláudio, o Borracha e o Hélio, que conheci na Bahia e eram muito amigos do Camisa Roxa. Passei a participar de algumas rodas do grupo ao ponto de levar os meus alunos e promover integrações até que, após um ano, me convidaram e passei a fazer parte do grupo. Quando saí, criei o Capoeirart. Já tinha alunos no Rio em alguns estados. O trabalho cresceu tanto que tivemos que criar uma associação, porque eu achava que com isto meus alunos não iriam passar as dificuldades que eu passei quando cheguei aqui. Eu pensei em uma associação de desenvolvimento que apoiasse os capoeiristas, a sigla deu Abadac, mas minha filha Tatiana acabou sugerindo o nome Abadá-Capoeira - Associação Brasileira de Apoio e Desenvolvimento à Arte-Capoeira. Isto foi em 1988."

RC: Qual a sua filosofia de vida?
"Minha filosofia de vida é a capoeira. Jogo desde criança, ela se desenvolveu dentro de mim. Minha forma de ver o mundo é através dela, que me deu condições de aprender a respeitar o próximo, saber que nessa vida somos todos iguais, independente de condição social. A capoeira me deu jogo de cintura para conseguir superar as dificuldades do dia a dia e me ensinou a ganhar e a perder, principalmente a perder, porque para ganhar todo mundo está preparado. Me deu condições de ter uma profissão com a qual que eu me identifico totalmente e sobrevivo tendo liberdade de agir, pensar e desenvolver meu trabalho da forma que eu achar mais correta. Nunca tive outra profissão e nem gostaria de ter. Crio e educo meus filhos com a Capoeira. Através da capoeira eu tenho a possibilidade de ajudar muita gente e também de ser ajudado. Foi dentro dela que fiz muitas amizades e aprendi tudo o que tento passar para os meus alunos. Por isso é que uma brincadeira de criança se transformou numa filosofia de vida."

RC: Qual a relação que há entre a vivência do capoeirista dentro da roda de capoeira e na vida pessoal?
"Na roda de capoeira temos que tentar ludibriar, confundir e envolver o outro jogador para induzi-lo a fazer o que se quer. São táticas que nos ensinam a ter jogo de cintura e a perceber a maldade. Também ajudam a ver a vida de uma maneira maliciosa quando se dobra uma esquina. Agora não se pode levar para a relação diária dos capoeiristas, se não ninguém nunca poderá confiar em ninguém. Acontece que alguns acabam fazendo na vida o que deveriam fazer dentro da roda e este é um dos conflitos do mundo da capoeira. As pessoas levam a falsidade e a malandragem para a vida. É preciso saber separar. Para mim por exemplo, que sou um sujeito sincero, é difícil ter amizade com este pessoal que só visa tirar proveito de tudo e que se alguém vacilar toma logo uma rasteira. A esperteza e malícia devem ser mostradas dentro da roda."
RC: O que você acha da capoeira atual? "Acho que ela cresceu muito, mas a formação de seus professores ainda deixa a desejar. São poucos os lugares que oferecem uma formação adequada para as pessoas que querem dar aula de capoeira."

RC: E a capoeira no exterior?
"Também está crescendo muito. No exterior não existem os preconceitos e as dificuldades que existem no Brasil. E é por isso que o camarada sai daqui despreparado e vai trabalhar no exterior. O que salva é que tem também gente muito boa lá. Isso é reflexo da má formação dos professores de capoeira no Brasil. Os estrangeiros estão se preparando e vindo ao Brasil se aperfeiçoar em capoeira. Se não melhorar a formação dos professores brasileiros, esse mercado de trabalho acabará preenchido por eles mesmos."

RC: O que você acha dos capoeiristas que associam a imagem do grupo Abadá à violência?
"Primeiro gostaria de fazer uma correção: a Abadá não é um grupo, a Abadá é uma escola de cidadãos, uma escola popular que forma brasileiros conscientes de suas raízes e identidade cultural. Abadá é uma instituição, uma entidade de capoeira. Quanto à pergunta, eu pessoalmente sou contra qualquer tipo de violência. Acho que estão confundindo eficiência com violência. Violência é o que fazem com a imagem da Abadá, desinformando intencionalmente as pessoas como tática de impedi-las de conhecer o nosso trabalho. As conquistas da Abadá foram através da boa capoeira, o que é inegável. Tinham que arranjar alguma forma de falar mal e inventaram essa mentira, mas não nos influencia em nada, só faz nos unir e ajuda a fazer com que a Abadá trabalhe cada vez melhor. Violência é o que estão fazendo com a capoeira: que é a auto-intitulação de Mestres; a má formação dos capoeiristas e a situação degradante em que vive a maioria dos Mestres antigos, passando necessidade e alguns vivendo na miséria."

RC: Qual a melhor maneira de se trabalhar com capoeira?
"Antes de tudo é preciso conhecer a capoeira e ter consciência de tudo que envolve a sua cultura. Isso é fundamental para se saber o que está fazendo. Procurar formar uma boa equipe para realizar um bom trabalho. Não interessa o sobrenome ou o estilo, se é Regional, Angola. O que importa é ter responsabilidade, saber passar seu trabalho de maneira correta. Não parece, mas ensinar capoeira é muito complexo. Ela é a reunião de várias artes numa só. O capoeirista precisa ser um grande administrador para saber lidar com essa luta, esse jogo, essa ginástica, essa terapia. Por isso o trabalho da Abadá é um trabalho de equipe porque se trata de um trabalho pesado, em que se procura desenvolver todos os aspectos da capoeira."

RC: Abadá-Capoeira é um estilo de capoeira?
"Na verdade, ela é um sistema de capoeira, uma forma de trabalhá-la, incluindo todos os seus segmentos e tendências. Nós fazemos um laboratório de todos os estilos que existem no Brasil, somados às lutas africanas. A junção dos valores da capoeira antiga, da angola e da regional. Sempre procurei pesquisar, principalmente as artes marciais e as lutas africanas. Sempre que viajo para outro país, procuro saber que luta se pratica naquele lugar. Como luta, a capoeira só precisa aprimorar o que já possui. Dentro da Abadá, um movimento às vezes gera um outro que nem sempre é visto na angola, na regional ou em qualquer outra luta. Com uma equipe estudamos os movimentos antigos e criamos novos. Hoje temos nossas características e técnicas típicas da Abadá-Capoeira, sem nos basearmos em nenhuma outra luta. Não queremos monopolizar nada, apenas temos fundamento no que fazemos. A Abadá é apenas mais um segmento da capoeira, sem alienação. Tudo tem um porquê científico, medido por uma equipe altamente qualificada que mede cada movimento de acordo com o biotipo da pessoa. Temos professores de educação física, história, antropólogos, enfim, tudo como forma de errar menos. O que for bom para a capoeira será sempre bom para mim."

RC: Como é que se forma um Mestre na Abadá-Capoeira?
"Um Mestre não se forma, ele se torna. Os antigos conquistaram o reconhecimento da comunidade capoeirística por seu tempo, trabalho e experiência. Tiveram erros e acertos. Hoje muitos saem formando e se auto-intitulando como Mestres, sem sequer ter idade, trabalho e muito menos vivência para isso. Geralmente o fazem por questões financeiras, mas desvalorizando quem realmente é Mestre. A palavra está tão desvalorizada que já virou apelido, assim como as palavras grupo, batizado, etc. Na Abadá, um de nossos objetivos é resgatar o verdadeiro valor do Mestre. É possível ganhar dinheiro, dar aulas, produzir trabalhos literários e cursos sem ser Mestre, e nosso trabalho está aí para confirmar isso. Se eu fosse usar esses critérios que eu vejo por aí, na Abadá teria mil Mestres, por isso é melhor ter um que vale por mil do que ter mil que não valem por nenhum. Só agora na Abadá iremos reconhecer mais dois Mestres."

RC: O novo dicionário Aurélio foi acrescido de alguns termos de capoeira. Como foi essa experiência?
"Acho que isso foi um reconhecimento. O Aurélio nos procurou, em busca de informações, querendo saber mais sobre a capoeira. Eles acrescentaram muitos termos nessa última publicação, inclusive novos significados para a palavra abadá. Foi uma grande satisfação ver nossa associação incluída num dos mais importantes dicionários brasileiros. Também não havia definições para a capoeira Regional e para capoeira Angola, nós que passamos."

RC: Além de capoeira, o que você gosta de fazer?
"Gosto muito de bater papo deitado numa rede, ouvir música brasileira, ir ao teatro, andar a cavalo, criar animais e ficar perto da natureza. Mas tudo o que faço na vida é através da visão da capoeira. Se falo de história, política, economia, meio ambiente, enfim, em qualquer assunto, a capoeira acaba interferindo. Foi a capoeira que me ensinou a ser cidadão, a ser um brasileiro consciente e pleno."

RC: Cite-nos uma tristeza e uma alegria, na capoeira.
"Tristezas tive muitas, mas alegrias muito mais! A pobreza de espírito de muitos capoeiristas; alguns alunos de mau caráter; a morte do Mestre Bimba; os Mestres antigos passando necessidade; não ter dado a devida atenção que meus filhos mereciam, em virtude da capoeira. Para compensar, tive muitas alegrias: ter saúde; meus 3 filhos; minha mulher; meus alunos; o reconhecimento das artes marciais; saber que a capoeira está no mundo inteiro e que eu participei bastante desse processo; ter criado o CEMB (Centro Educacional Mestre Bimba –RJ), ter sido aluno do Mestre Bimba; ter convivido com os grandes Mestres da Velha Guarda da Bahia; ter criado a Abadá; ser brasileiro, apesar dos pesares; conhecer muitos continentes; ser irmão de Camisa Roxa, que me ensinou a ser capoeirista de fato; ver a capoeira ser reconhecida pela sociedade, pelos meios de comunicação e pelas universidades."

RC: Qual a sua mensagem para os capoeiristas?
"A Capoeira não é só jogar: todos devem procurar estudar e aprender a conviver com as diferenças. A informação e a pesquisa são os grandes trunfos do capoeirista contemporâneo. Hoje, quem não procurar estudar não vai para frente ou então será rapidamente superado por seus alunos, porque o universo da capoeira é muito rico e não tem apenas um segmento. Procurem ter contato com a velha guarda da capoeira que são os verdadeiros detentores de um saber que está desaparecendo. Este elo de ligação do passado com o presente é muito importante para o desenvolvimento da capoeira, que na verdade é uma grande árvore e o que segura é a raiz. Sem a raiz não há alimento para os novos frutos."

(informação retirada da Revista Capoeira - 11-02-2007)



Reinaldo Ramos Suassuna, nascido em Ilhéus e criado em Itabuna, começou a praticar capoeira em Meados do Anos 50 devido a orientação médica para praticar esportes e tratar assim de um problema de deficiência nas pernas. Teve seu início capoeirístico em Itabuna, tendo como seu 1º mestre o mestre Maneca aluno de M. Bimba e Zoião. Anos depois em 1972, mestre Bimba visitou mestre Suassuna em São Paulo e reconheceu o seu trabalho através de um Certificado.






3 comentários:

  1. Excelente homenagem a esses grandes Mestres...! Parabéns!!!

    ResponderExcluir
  2. Desculpem, mas não posso de deixar minha homenagem ao meu Mestre João Kanoa do núcleo Kunta Kinte, da comunidade do Fallet, Rio de Janeiro. Sego à 18 anos, Mestre João Kanoa, passa sua experiencia da Capoeira para os seu mais de 20. Reverencio a todos esse mestres, mas João Kanoa em nossa comunidade é um exemplo.
    Obrigada Mestre João Kanoa!

    ResponderExcluir
  3. FALTA NESTA RELAÇÃO O SR ITAMAR DA CONCEIÇÃO MAGALHAES NASCIDO EM NOVEMBRO DE 1944 EM SÃO GONÇALO RJ. O MESTRE CHITA QUE DIFUNDIU A CAPOEIRA NA REGIÃO E EXPANDIU ATÉ VITÓRIA ES E VIAJOU 16 PAÍSES DA EUROPA LEVANDO A CAPOEIRA, E AINDA TRABALHA NOS DIAS DE HOJE COMO CHAPA MESMO SENDO PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO FLUMINENSE DE CAPOEIRA.

    ResponderExcluir